quinta-feira, 29 de abril de 2010

Figuras da Dança

Terça-feira passada, dia 27 de abril, fui à São Paulo, assistir a gravação do programa Figuras da Dança. O programa realizado e idealizado pela São Paulo Cia. de Dança, revisita a carreira de artistas importantes na história da dança no Brasil. Conta com depoimentos públicos, entrevista com o próprio artista e por convidados, ilustrado com materiais iconográficos e registros audiovisuais. O Figuras da Dança é um trabalho de suma importância para a memória e resgate cultural. Aqueles que fizeram a história da dança nesse país, não podem ser esquecidos pelas novas gerações de bailarinos. O programa já com dois anos de existência conta já com dez documentários que são distribuídos à instituições, escolas, bibliotecas, para que todos possam ter acesso. As personalidades já agraciadas são: Ady Addor, Ismael Guiser (1927-2008), Ivonice Satie (1950-2008), Marilena Ansaldi, Penha de Souza, Antonio Carlos Cardoso, Hulda Bittencourt, Luis Arrieta, Ruth Rachou e Tatiana Leskova. Este ano os homenageados serão: Décio Otero, Márcia Haydée, Angel Vianna, Sônia Mota e Carlos Moraes.
Fui assistir a gravação do programa com Márcia Haydée. Que maravilha poder estar ali naquele momento. Poder ver de perto essa diva da dança. Ouví-la contar sua vida, sua história. Ouvir os depoimentos das pessoas que conviveram com ela. Estava presente seu ex parceiro na dança e na vida, Richard Cragun, o qual deu um depoimento emocionante e carinhoso a antiga companheira. Ao fundo do palco (do Teatro Franco Zampari) eram mostradas imagens e vídeos de Márcia em suas performances. Foi muito bom poder estar ali, naquele momento mágico do mundo da dança. Parabéns à São Paulo Cia. de Dança pela a iniciativa. Espero que o projeto continue, assim como os outros propostos pela companhia. E espero compartilhar esses momentos.

Dia Internacional da Dança

Hoje, dia 29 de abril se comemora desde 1982 o Dia Internacional da Dança, data proposta pelo Comitê Internacional da Dança da UNESCO, por ser a data de nascimento de Jean-Georges Noverre.
Na verdade, a dança (corpo em movimento) é antes de tudo, parte do ser humano desde as eras primevas, onde a comunicação verbal ainda não era dominante. A dança nasceu juntamente com a vontade de se expressar do Homem.
Dança, arte primordial!!!!

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Workshop com a Confraria da Dança

No último dia 08 de abril fui à FUNARTE - SP para participar do workshop "Preparação do Corpo Cênico", com a Cia. Confraria da Dança, de Diane Ichimaru e Marcelo Rodrigues. Semanas antes havia recebido email sobre o workshop e fiz inscrição mandando currículo e carta de interesse que eram os critérios de seleção para participar. Romântica como sou, fiquei super feliz de receber a notícia de que havia sido selecionada. Para mim, que tenho motivos de sobra para ter completa insegurança dos meus suportes técnicos, foi uma importante conquista perceber que não sou tão excluída assim. Fui para São Paulo, sou de Santos, a província, embuída de grande entusiasmo e ansiedade, sem saber o que me esperava. Bem, lá pude perceber entre os outros participantes um grupo heterôgeneo e talvez, por isso ou por causa disso, também se mostrou um grupo muito agradável com pessoas de várias áreas (dança, teatro, ou não) que me pareceu acolhedor. Os dois ministrantes da cia., Diane (que conduziu o workshop) e Marcelo, também foram super receptivos. Mas, infelizmente, aquilo que parecia ser tão importante, deixou a desejar. Sem muitas explicações sobre as intenções da proposta, nem sobre técnicas aplicadas, fomos colocados numa sala onde tínhamos que nos esforçar para seguir a movimentação de Diane. Aliás, muito boa movimentação, baseada em troca de apoios, controle abdominal, trabalho de articulações e torções. Mas, será que não poderíamos ter aprendido um pouco sobre isso, em vez de correr atrás para tentarmos fazer o movimento igual sem saber muito bem como? Das 10 horas da manhã até às 13 horas da tarde viramos marionetes. Tudo o que tínhamos a fazer era "copiar" as situações propostas. No começo, até que tudo bem, os movimentos eram elaborados mais ou menos lentamente, mas depois foram passando para exercícios mais complexos que mais pareciam uma correira louca e performer da instrutora. Sei lá, me senti um pouco como uma cobaia. Repetindo coisas sem saber o porque, uma obrigação de sentir um desvario. Tinha horas em que ela começava tremilicar o corpo todo e emitir sons com a boca, que sinceramente, eu não sentia necessidade disso. Não tinha tazão. Tudo bem, nada contra alguém querer tremilicar, mas se era pra ensinar a técnica, então ensine. Os exercícios nos levaram a exaustão corporal que se esse era o objetivo, conseguiu. Mas qual o sentido, qual a prosposta. As coisas não eram explicadas. Antes da pausa para o almoço, nos deram uma folha e lápis e nos foi dito para descrever lembranças de movimentos que fizemos, ou vimos alguém fazer que eram importantes para nós. Não consegui me expressar na escrita e nem me lembrar de algo realmente relevante. Algumas pessoas fizeram descrições de coisas da infância, muito bonito esse momento. A proposta para a segunda fase do workshop seria trabalhar em cima desses movimentos. Não fiquei para a segunda fase. Já tinha visto o bastante. Já participei de diversos workshops e oficinas com cias. e pessoas da dança e do teatro e todos eles me foram de grande formação, mas não consegui achar nada de consistente na Cia. Confraria da Dança. Acho que podem e devem ter um bom trabalho mas fica muito a desejar como formadores, nem sei se a palavra certa seja essa, mas não achei outra. Acho que o trabalho de um profissional da área da arte e principalmente de uma área que trabalhe com o corpo e o emocional deve ter mais respeito com os participantes, não expor as pessoas em uma espécie de tour de force à revelia. Mesmo assim, foi uma experiência que não vou esquecer. Agradeço ter sido escolhida, e participar, acredito que foi importante.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

CORPO SOCIAL: SOMOS CO-AUTORES? Falando mais da segunda bienal...

Acho que fiquei devendo mais detalhes sobre essa Bienal que para mim foi de grande valia e impulsionante para que eu me aprofundasse nes''se mundo tão tão distante da dança.
O Grupo Grial de Dança, Recife, PE: A Demanda do Graal Dançado com roteiro de Ariano Suassuna, concepção e coreografia de Maria Paula Rêgo, direção artística de Dantas Suassuna, intérpretes: Emerson Dias, Imaculada Salustiano, Jaffis Nascimento, Maria Paula Rêgo, Valéria Medeiros, Viviane Madureira. A trilha sonora incluía de Beethoven à Antônio Nóbrega. Grandioso. Trouxeram também o espetáculo Auto do Estudante que se vendeu ao Diabo, coreografia de Maria Paula Rêgo, direção dela e de Romero de Andrade Lima, intérpretes: Denes Nascimento, Emerson Dias, Imaculada Salustiano, Kleber Lourenço, Valéria Medeiros e Viviane Madureira. Música de Igor Stravinsky. Encenação de um libreto de cordel com narrador e cantadeira interpretada pela Maria Paula Rêgo. Considero o grupo de grande importância para a união da dança contemporânea com a cultura popular.
Outro espetáculo importante foi Aquilo de que Somos Feitos, da Lia Rodrigues Cia. de Dança do Rio de Janeiro, RJ. Foi um deslumbre. Creio que esse espetáculo fez um marco na história da dança contemporânea brasileira, por sua ousadia e criatividade em expor aspectos tão inerentes a sociedade contemporânea. Com concepção, criação coreográfica e direção de Lia Rodrigues, e os intérpretes e criadores coreográficos: Marcela Levi, Micheline Torres, Claudia Müller, Marcele Sampaio, Gustavo Barros, Rodrigo Maia e Amália Lima. A trilha sonora é de Zeca Assumpção.
Com a Trupe do Passo, também do Rio de Janeiro, assisti Acabou-se o que era Doce, com direção e coreografia de Duda Maia e as intérpretes: Carla Durans, Francini Barros e Lais Bernardes. Uma coreografia versátil, criativa e bem humorada. Um prazer assistir.
Com Ruth Rachou tive o prazer e a emoção de vê-la em cena com Intermezzo, direção e concepção de Helena Bastos e a própria Ruth interpretando e criando. Belo e singelo.
Bem, os espetáculos de maior relevância para mim foram esses, claro que não tive a oportunidade de assistir a todos, mas essa Bienal ficou marcada pela qualidade desses espetáculos e oficinas brilhantes. Houve, também companhias que deixaram a desejar, outras que obviamente nem deveriam estar ali, mas o que valeu foi o que pode ser visto, vivenciado e debatido. Nunca houve uma Bienal em que houvesse tanta aproximação de bailarinos de vários lugares do Brasil como essa, sem contar nas apresentações em locais abertos turísticos de Santos. Guardo muitas lembranças e saudades.