A dançarina a que me refiro é a estátua da Ménade Dançarina no Museu de Berlim. Agora, por favor, escreva de novo àqueles admiráveis mestres e mestras de balé e pergunte: "A Mènade Dançarina sabe dançar?"
Pois a dançarina de que falo jamais tentou andar nas pontas dos pés. Nem passou seu tempo treinando saltos no ar para ver quantas vezes consegue bater os calcanhares um no outro antes de descer outra vez. Ela não usa espartilho nem malha e seus pés repousam livre nas sandálias.
Acho que se ofereceu um prêmio ao escultor que pudesse repor os braços quebrados na sua posição original. Sugiro que poderá ser mais útil ainda para a arte atual oferecer um prêmio a quem possa reproduzir na vida a divina postura do corpo dela e a secreta beleza de seu movimento. Sugiro que o seu excelente jornal ofereça esse prêmio, e que os excelentes mestres e mestras de balé façam a competição para recebê-lo.
Talvez depois de anos de tentativas tenham aprendido algo sobre anatomia humana, algo da beleza, pureza, inteligência dos movimentos do corpo humano. Esperando ansiosa a resposta erudita deles, sou sinceramente, sua
Isadora Duncan
(1903)
(Carta ao Morgen Post de Berlim, traduzida por Lya Luft para a edição ISADORA FRAGMENTOS AUTOBIOGRÁFICOS, Editora L&PM POCKET
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